Fotógrafo registra o funcionamento de uma “fábrica de fake news”

Fotógrafo registra o funcionamento de uma “fábrica de fake news”

Quem trabalha com a internet provavelmente já ouviu falar das famosas “click farms”, negócios que vendem curtidas e interações para pessoas e empresas que querem inflar os seus números nas redes sociais. Apesar de muita gente saber que esses locais existem, pe raro ver um funcionando de verdade – e esse é um dos objetivos do fotógrafo britânico Jack Latham no livro Beggar’s Honey (Mel dos Miseráveis, em tradução livre).

No livro, Latham apresenta uma mistura de fotos que mostram o intrincado funcionamento dessas click farms – e como, em muitos momentos, elas se parecem com startups do Vale do Silício – com composições abstratas baseadas no tipo de conteúdo que elas promovem. Apesar que muita gente enxergar esse tipo de “serviço” como algo inocente, o fotógrafo relembra que as mesma estrutura utilizada para encher de likes a foto de uma subcelebridade de biquíni também espalha teorias da conspiração sobre eleições, funcionamento de vacinas e todas aquelas que fazem muito sucesso na internet hoje.

Com uma carreira que tem focado em deixar claro quais são os mecanismos que existem por trás das conspirações que dominam o mundo, Latham sabe que os mecanismos de “bolha” da internet muitas vezes nos impedem de ver o panorama geral das coisas, e ele espera que, ao deixar bem claro em imagens como é o funcionamento desses lugares, ele possa ajudar mais pessoas a entenderem que aquela opinião “polêmica” que possuem na verdade foi fabricada por pessoas que querem assumir as rédeas das estruturas de poder.

Apenas um trabalho

Para conseguir as fotos que compõem o seu novo livro, Latham visitou 5 “click farms” no Vietnã. E uma das coisas que mais o surpreendeu era como ninguém que trabalhava nelas tinha muito receio daquilo que fazia.

Para esses trabalhadores, o papel que desempenhavam era apenas mais um trabalho como qualquer outro. Ao conversar com essas pessoas, o fotógrafo inglês percebeu que não havia nenhum tipo de vergonha ou arrependimento: eles sentiam que apenas prestavam um serviço como outro qualquer.

Outra coisa que impressionava era a estrutura desses lugares: paredes e paredes lotadas de celulares conectados entre si, ligados a um computador onde uma única pessoa podia controlar centenas de aparelhos sozinha. A quantidade de dispositivos, cabos e outros itens de hardware existentes nessas fazendas tornava elas muito mais próximas de uma startup de tecnologia do que das empresas familiares que elas normalmente eram.

A forma como esses equipamentos funcionam também é algo surpreendente, onde uma única pessoa conseguia fazer sozinha o trabalho de 10 mil usuários/perfis de redes sociais diversas. Parece que estamos falando de uma IA, e não de um humano com um teclado e mouse!

E por que essas empresas ainda existem? Porque dão resultado: Latham teve a oportunidade de adquirir uma das máquinas usadas por essas click farms e utilizou na publicação que fez no Instagram sobre o seu novo livro. Normalmente, todas as fotos que ele posta no Instagram recebem algumas poucas centenas de curtidas e comentários; ao utilizar a máquina para inflar artificialmente o algoritmo, a publicação conseguiu rapidamente mais de 6500 curtidas.

Com informações da CNN

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