O que é Spatial Computing e como ela vai revolucionar o seu mercado

O que é Spatial Computing e como ela vai revolucionar o seu mercado

Realidade virtual é coisa do passado, agora a moda é Spatial Computing.

Mais do que solucionar os problemas do agora, aparelhos como o Apple Vision Pro chegam para inaugurar uma nova era da realidade mista, que terá toda uma nova economia, modelos de negócio e abrirão novo mundo de negócios possíveis com o conceito de Spatial Computing (ou Computação Espacial, em português).

Mas o que exatamente é Spatial Computing e como ela vai influenciar o meu negócio?

Entendendo Spatial Computing

“Spatial Computing é quando eu consigo ancorar objetos ou experiências de forma definitiva em um ambiente,” explica Cauê Dias, diretor de inovaçao, pesquisa e desenvolvimento da NTT DATA, no episódio 12 do Innovation Hub Show. “Então toda vez que eu abro a experiência, os objetos estão ancorados no mesmo lugar. Então é isso que difere Spatial Computing da realidade aumentada ou da realidade mista.”

Ele explica isso com um exemplo: imagine que você está andando na rua, descobre uma barbearia nova ali no bairro e quer saber mais sobre ela. Ao invés de procurar o número de telefone para ligar (ou mandar um zap) ou mesmo entrar e perguntar pessoalmente, essa padaria pode ter um objeto virtual ancorado na fachada, que te permite consultar os preços e já agendar seu horário ali da rua mesmo. Ou então, imagina que você está numa rua que nunca passou antes e quer saber se tem uma padaria ali por perto: ao invés de pegar o celular e pesquisar no Google, você pode simplesmente dizer em voz alta “tem uma padaria aqui perto?” e, se existir, uma enorme seta vai aparecer no “céu”, mostrando qual prédio ali da região é uma padaria – e essa seta seria um objeto virtual ancorado ao prédio.

Este é um dos futuros possíveis com a Spatial Computing. Mas, claro, para aproveitar tudo isso as pessoas precisarão usar equipamentos como o Apple Vision Pro, que permitirá às pessoas enxergar o mundo real com todo uma nova camada virtual sobre ele.

Uma nova economia

Esta nova Spatial Computing não deverá inaugurar apenas uma nova forma de vivenciar o mundo, mas todo um novo tipo de economia – a “economia das âncoras”. “Âncoras” são os nomes dados aos objetos virtuais que não são “livres”, mas que estarão “ancorados” a um estabelecimento – pense no painel de agendamento da barbearia ou na enorme seta apontando para a padaria dos exemplos anteriores.

Um exemplo de ancoragem já utilizada hoje são as Poké Stops e Ginásios no jogo Pokémon GO: enquanto os pokémons em si estão “livres” e podem aparecer em qualquer lugar, as Poké Stops e Ginásios estão ancorados a algo do mundo físico real – e aí pode ser qualquer coisa considerada como “notável” para quem está andando por aquela rua, desde uma pintura no muro, a fachada de uma igreja ou mesmo um coreto de praça.

Só que, no Pokémon GO, essas ancoragens existem apenas dentro daquele mundo: se você pegar qualquer outra aplicação do tipo (e hoje existem vários joguinhos que seguem a mesma linha, desde franquias como Monster Hunter e The Witcher até de organizações esportivas reais, como a NBA), não necessariamente aquela Poké Stop do seu bairro vai ser algo importante (uma âncora) no outro jogo. E esta deverá ser a principal diferença de quando efetuarmos essa transição do “uso de âncoras” para a “economia das âncoras”: ao invés de ficar ligada a apenas uma empresa ou aplicação, essas âncoras estarão ligadas ao seu negócio e poderão ser vistas por qualquer aparelho de Spatial Computing, independente da marca. E, para Cauê Dias, é aí que veremos surgir toda uma nova economia em torno disso: Isso pode ser feito por uma empresa A, uma empresa B, não necessariamente por uma pessoa só. É uma web espacial.”

Já para Denis Shirazi, fundador e CEO da 20DASH (uma empresa que trabalha com o uso dessas novas tecnologias aplicadas de forma criativa no marketing), essa economia das âncoras irá acabar com todas as limitações de espaço que temos hoje: “E essas ancoragens são de muitas camadas. Eu não tenho mais uma limitação de espaço físico no mundo.” E o fim da limitação física pode ser bom tanto para usuários quanto para as empresas: por exemplo, uma loja de roupas pode economizar muito em aluguel optando por um espaço menor e oferecendo uma vitrine virtual – que provavelmente terá muito mais opções à mostra do que uma vitrine real, mesmo em um espaço físico menor.

E para Cauê Dias, esta é a grande sacada da Spatial Computing: “A gente mistura o digital com o físico. E a realidade virtual passa a ser momentos. Então nos momentos que eu preciso de grande imersividade eu tenho ela.” Isso permite que ela se torne uma tecnologia mais “inclusiva”, porque mesmo pessoas que passam mal em uma imersão total num ambiente de realidade virtual poderão aproveitar das vantagens que essas imersões podem oferecer a ele.

Tá, mas quando isso será realidade?

Apesar de podermos confirmar que a Spatial Computing abre um novo mundo de possibilidades para empresas e usuários, ainda não é fácil dizer quando este futuro será o nosso dia-a-dia. Primeiro, porque o próprio hardware para isso ainda precisa avançar mais: por melhor que aparelhos como o Apple Vision Pro e o Meta Quest 3 sejam, eles ainda são muito grandes, desengonçados (e caros) para se popularizar no ponto de todo mundo sair pela rua usando um. Então precisaremos esperar ainda mais alguns anos até essa tecnologia, primeiro, melhorar a ponto de esses aparelhos serem tão confortáveis de se usar quanto um óculos de verdade e, segundo, baratear ao ponto de serem tão possíveis de comprar quanto um smartphone.

E é justamente esse aspecto de ainda precisar de evolução – em uma época na qual esperamos que tudo seja instantâneo – que faz com que muitas pessoas acreditem que tudo não passa de hype, de modinha passageira, e já considerem qualquer inovação que não se torne um sucesso estrondoso do dia pra noite como flop. O metaverso talvez seja um desses exemplos mais recentes: anunciado publicamente em junho de 2021, apenas 3 anos depois ele já é considerado por muita gente como um “golpe de marketing” que não deu certo. Mas Denis Shirazi não concorda com essa posição: “O metaverso foi um hype ou é uma tecnologia que ainda está sendo construída e que engloba o Spatial Computing? Então existe um hype – e a gente se aproveita sim desse hype – mas ela vai se perpetuar como uma opção para o mundo corporativo, marketing e qualquer outra coisa.”

“Eu acho inclusive que a gente tem esperado curvas muito rápidas de coisas que são feitas para serem implementadas de uma forma mais lenta,” complementa Cauê Dias. “ Então não é aquela coisa de ‘ah, esse ano é o ano da spatial computing, ano que vem é o ano da IA’.”

É preciso ter a noção de que estamos no meio de um grande processo de evolução de tecnologia para uma nova economia, modelo de negócios e sociedade como um todo – então é lógico que isso não vai acontecer do dia pra noite, e nem que irá ocorrer sem alguma turbulência durante tudo isso. Porque mesmo que hoje o Apple Vision Pro não sirva pra muita coisa, ele não é um flop, mas o primeiro passo para o futuro que queremos construir com a Spatial Computing.

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