Nesta semana de SXSW, estou em Austin de olho em tudo o que o evento traz de melhor este ano. Aqui no blog, vou resumir algumas das discussões mais interessantes que estão rolando!

Tentar descrever o futuro que poderemos construir com as IA tem sido o tema principal da SXSW até aqui, e uma das visões mais interessantes veio de Ian Beacraft, CEO da Signal and Cypher. Ele faz um alerta importante para todos os gestores e tomadores de decisões: não adianta só colocar IA na sua empresa se você não mudar a estrutura de como as coisas acontecem. 

Aqui vai um resumo dos principais pontos abordados por Ian durante a palestra.

O grande erro cometido pelo mercado

Mais do que as formas de usar a IA, o CEO alerta para o que deverá ser o grande “ponto de conflito” nos próximos anos: o encontro da “tecnologia do amanhã” com o “jeito de pensar de ontem”. Ele acredita que a maior dificuldade neste momento de transição da tecnologia será em ajustar o foco das empresas.

Isto porque todo mundo quer iniciar a transição pela abordagem de “tech first”, colocando a IA no centro de tudo e organizando o resto em torno dela – uma abordagem que ele defende que irá atrasar o desenvolvimento, pois foi desenvolvida para um mundo onde as mudanças eram mais lentas. Ian acredita que precisa haver uma mudança geral na mentalidade da forma de trabalhar, colocando em primeiro lugar as pessoas, os processos e a procura por uma consistência nos resultados.

E uma das formas de se conseguir essa abordagem seria modificar a forma de organizar os times, não mais focando em tarefas mas sim em entregas. Ele acredita que, ao invés de definir uma posição específica e uma lista de tarefas que cada pessoa de um time deve executar, o novo mundo do trabalho será dominado pelos generalistas criativos, que estariam focados em trabalhar juntos para atingir um objetivo comum, e não em entregar tarefas específicas designadas para eles.

Ele dá ainda exemplos de como essa mudança de mentalidade poderá afetar o futuro do trabalho: hoje, 70% de todas as reuniões que acontecem nas empresas tem como objetivo manter o time informado das últimas atualizações ou sincronizar todo mundo em torno de um único objetivo. Em um futuro próximo, essas tarefas seriam feitas exclusivamente por uma IA, liberando o tempo dos trabalhadores para fazer aquilo que realmente importa: alcançar o objetivo definido.

Quem são os Generalistas Criativos?

Ian continua explicando quem seriam esses “Generalistas Criativos” que dominarão o mercado de trabalho futuro: basicamente, seriam profissionais que não são especialistas em nenhuma área de atuação específica, mas que sabem como utilizar as IA para impulsionar anos de conhecimento em pouco tempo. Para o executivo, estamos entrando na era da integração entre conhecimentos, e quem sairá na frente serão aquelas pessoas que sabem como aplicar tudo aquilo que aprenderam não apenas em cursos e especializações, mas também em hobbies, práticas esportivas e tudo aquilo que faz parte das nossas vidas.

A maior vantagem de ter esses Generalistas Criativos no time é a possibilidade de ter empresas funcionando com estruturas bem menores do que as de hoje, e Ian não descarta a possibilidade de, nos próximos anos, surgir “unicórnios” (startups com valor de mercado acima de US$1 bilhão) que serão compostas por apenas uma única pessoa.

Ian ainda lembra que a maior parte do conhecimento que faz a diferença em estratégias e soluções não está em documentos ou blocos de regras, mas sim na fagulha criativa que só existe na mente humana – e isso é algo que a IA não irá substituir. Por isso, ele continua defendendo que pensar nas empresas do futuro não é apenas criar formas de instalar uma IA, mas em repensar toda a gestão e todos os processos da empresa, tirando o foco de tarefa mecânicas e liberando mais espaço para que os times possam realmente usar de sua criatividade na solução de problemas.