SXSW – Twitch não é um site para gamers, mas para comunidades

SXSW – Twitch não é um site para gamers, mas para comunidades

Nesta semana de SXSW, estou em Austin de olho em tudo o que o evento traz de melhor este ano. Aqui no blog, vou resumir algumas das discussões mais interessantes que estão rolando!

Quando a gente pensa na Twitch hoje, a primeira coisa que vem na mente são videogames. Se você perguntar pra qualquer pessoa o que é a Twitch, se a resposta não for algo na linha de “eu sei lá!!” ou “é alguma droga nova que os jovens tão usando?”, provavelmente o que você vai escutar será bem parecido com “é aquele lugar que uma galera se grava jogando e transmite a jogatina para pessoas assistirem e depois ir fazer review bombing na Steam”. Mas para Dan Clancy, CEO da empresa, não são os videogames que definem a plataforma.

Esses foram os principais pontos de debate que ele trouxe para o palco do SXSW.

Senso de comunidade

Clancy lembra que, antes mesmo de se chamar Twitch e ser comprada pela Amazon, a plataforma nasceu com o nome de Justin.tv, e que tinha como objetivo ser um lugar onde as pessoas pudessem transmitir ao vivo suas rotinas diárias – basicamente, permitir que qualquer pessoa pudesse ser o seu próprio reality show. E é para essas raízes que o CEO acredita que a plataforma deve retornar.

Não é que ele não seja grato à galera dos games – Clancy sabe como esse público ainda é importante para o site, e admite que eles ajudaram a dar um foco para a plataforma numa época em que ninguém sabia direito ainda o que fazer com ela – mas ele defende que fazer transmissões de jogos e vídeos do tipo “let’s play” é apenas uma parte do negócio da Twitch, e não o grande objetivo dela: oferecer um local onde criadores de conteúdo e o público deles possam se comunicar de forma segura.

E, para o CEO, apenas a Twitch oferece as ferramentas necessárias para criar esse sendo de comunidade entre criadores de conteúdo e público. Ele afirma que frequentemente usa o termo “transmissão ao vivo centrada na comunidade” para falar sobre os conteúdos do site, porque acredita que as pessoas muitas vezes passam 4h ou mais assistindo uma mesma stream não apenas por causa da pessoa que está fazendo a transmissão, mas por conta também das outras pessoas que estão assistindo ali com ela o mesmo conteúdo, e a sensação de pertencer a uma comunidade que essa experiência gera. E aproveitou para dar uma cutucada no modo como as chamadas “redes sociais” funcionam, dizendo que não há nada mais antissocial do que ficar sozinho olhando pra tela do celular e mexendo apenas o dedo.

Não é trabalho, é estilo de vida

Com as mudanças na forma de consumir conteúdo ao vivo, a Twitch também passou por uma transformação e, hoje, alguns dos maiores criadores de conteúdo dentro da plataforma não são mais gamers, mas pessoas que a usam para fazer aquilo que a plataforma foi criada: transformar suas vidas em um reality show e transmiti-lo para o mundo todo.

Para Mizkif – um desses criadores de conteúdo de sucesso que não se encontram mais na esfera gamer, e que Clancy convidou ao palco – fazer transmissões na Twitch não é um trabalho, mas um estilo de vida. Isto porque é praticamente impossível definir limites entre “vida pessoal” e “vida profissional”, já que para esses criadores tudo que acontece em suas vidas pode ser usado como conteúdo em seus canais. Esse é um dos motivos que o CEO acredita que as pessoas não começam uma transmissão necessariamente pelo desejo de ficar famosas, mas sim para encontrar uma comunidade que as abrace.

No fim da conversa, a pergunta que todos faziam era: como será o futuro das transmissões na Twitch com o avanço das ferramentas de IA disponíveis na plataforma? E a resposta foi um (tanto frustrante) “vai mudar, mas nem tanto”. Isto porque os criadores de conteúdo acreditam que a disponibilização de novas e melhores ferramentas de transmissão – incluindo as baseadas em IA – permitirá que cada pessoa crie produções numa escala que é simplesmente impossível de fazer hoje sem uma equipe de filmagem completa; mas ao mesmo tempo acreditam que, no fim das contas, o que o público realmente quer é poder clicar na página do seu criador preferido e encontrar alguém com quem possa conversar. Por isso, mesmo com mais ferramentas que permitiriam produções mais complexas, eles acreditam que os modelos minimalistas que existem hoje – apenas uma pessoa sentada em frente à câmera, conversando com quem está ali junto dela – ainda serão os mais comuns e procurados na Twitch do futuro.

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