A revolução das IA pode acelerar o aquecimento global? Spoiler: SIM!

A revolução das IA pode acelerar o aquecimento global? Spoiler: SIM!

Muitas pessoas acreditam que a revolução no processamento de informações causada pelo surgimento das IAs será essencial para a solução dos problemas mais complexos e urgentes da humanidade – como, por exemplo, o aquecimento global. Mas há indícios de que a quantidade de água e energia que essa revolução irá demandar pode acabar tendo um efeito contrário, piorando os problemas ambientais e relacionados ao clima que já existem hoje.

Consideremos o exemplo da Microsoft: em 2019, a empresa anunciou a compra de 279 acres de terra na cidade de Goodyear, no Arizona (EUA), para a construção de data centers que servirão de infraestrutura para projetos de IA. O problema: data centers assim não apenas exigem muita energia para funcionarem, mas também um enorme uso de água. Acontece que é preciso manter os computadores funcionando abaixo de uma determinada temperatura para garantir a precisão e velocidade das operações, e uma das formas mais eficientes de se fazer isso é com o uso de água. E só nesse novo data center da Microsoft, a estimativa é de que ele deverá utilizar quase 190 milhões de litros por ano.

E estamos falando apenas de um desses data centers, de uma única empresa. Extrapole para aqueles que já existem, e para todos os novos que as outras empresas que estão apostando muito na IA irão criar, e teremos facilmente trilhões de litros de água potável – um recurso não-renovável e cada vez mais escasso – sendo utilizado com o único propósito de resfriar computadores.

E há ainda um outro complicador nesta história: a velocidade de desenvolvimento do mercado de IA é muito mais rápida do que a criação de infraestrutura de energia necessária. Enquanto para se criar qualquer usina geradora de energia – seja ela hidroelétrica, térmica ou nuclear – pode levar décadas (afinal, não é apenas levantar o prédio e botar os equipamentos para rodar, é preciso fazer diversos estudos ambientais e sociais de como essa nova usina irá afetar a região onde será instalada), tornando praticamente impossível que o aumento da geração de energia elétrica consiga acompanhar o aumento de demanda para suprir esses data centers.

Conflito de discursos

Ainda usando a Microsoft como exemplo, a empresa oficialmente diz que tem uma real preocupação com o quanto seus data centers podem contribuir para a crise energética e o aquecimento global, afirmando que possui diversas parcerias com fornecedores de energia renovável, tem investido bastante na geração de energia por fusão nuclear, e pesquisado designs mais sustentáveis para as baterias que utiliza. Ela inclusive prometeu que se tornará carbono-negativo (removerá mais carbono da atmosfera do que a quantidade que emite) e água-positiva (gerará mais litros de água potável do que consome) até 2030. Mas alguns sinais encontrados não são tão positivos.

Primeiro, dados oficiais: de acordo com os relatórios de sustentabilidade da própria Microsoft, em 2022 a empresa apresentou um aumento significativo no consumo de água e energia. Ainda que o relatório não aponte qual parte da empresa é responsável por este aumento, ele coincide com a inauguração de novos data centers.

Além disso, a Microsoft também tem sido relutante em fornecer para a imprensa detalhes mais específicos do impacto ambiental de seus serviços em nuvem (o braço da empresa que mais depende desses data centers), e há relatos de funcionários que propuseram ferramentas para melhorar a medição do carbono emitido pelos prédios da empresa, só para terem essas ideias ignoradas e abafadas por seus superiores.

Claro, o aquecimento global não é culpa da Microsoft, da Amazon, da Apple ou de qualquer empresa ou indivíduo específico, mas algo coletivo na qual a solução também só poderá existir coletivamente. Mas a gente já viu esse filme antes: a gente cria uma nova tecnologia, pensa em como fazer ela gerar montanhas de dinheiro e depois a gente se preocupa com os danos ambientais. O problema é que, do jeito que o aquecimento global avançou nas últimas décadas, um replay desse filme com as IAs fará com que elas sejam a última revolução tecnológica que a humanidade conseguirá aproveitar antes de uma crise ambiental tão severa que poderá levar ao fim da humanidade.

E se a gente pensar por esse lado, pode ser que a galera que acha que a IA vai levar o mundo ao apocalipse esteja certa mesmo. Só não vai ser exatamente como eles imaginam, com robôs escravizando a gente. Veremos apenas populações inteiras morrendo de calor e de sede – o que é até mais triste.

Com informações do The Atlantic

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