Responsável por cerca de 70% das vendas de hardware voltados para o setor de Inteligência Artificial, a NVIDIA é uma das empresas que melhor aproveitou o boom da corrida para ver quem desenvolve a melhor IA do mercado, fazendo com que a companhia ultrapasse os U$2 trilhões em valor de mercado. Mas, qual o segredo do sucesso dessa empresa que, até bem pouco tempo atrás, era mais reconhecida por criar placas de vídeo e acessórios para gamers que buscam alto rendimento em suas partidas?

Isso foi um dos muitos assuntos que Jensen Huang, CEO da NVIDIA, comentou em uma extensa entrevista para a Wired. A entrevista em si é beeeeem longa (são mais de 10 páginas de texto!), mas vamos resumir aqui os pontos principais que você precisa saber.

Segredo para o sucesso

De acordo com Huang, o principal motivo para a NVIDIA obter o sucesso que tem hoje foi se posicionar no mercado de IA antes que os seus concorrentes percebessem o potencial dele. Por isso, a empresa começou a desenvolver soluções voltadas para a IA ainda em 2012, logo que a arquitetura AlexNet foi apresentada ao mercado. Isso permitiu que, cinco anos depois, quando a “corrida do ouro” da IA realmente se iniciou com surgimento da arquitetura “Transformer” do Google, a NVIDIA já tinha equipamentos prontos para lidar com as especificidades exigidas por projetos de rede neural.

Outro ponto considerado por Huang como um dos diferenciais da estratégia da NVIDIA é algo que você já deve ter cansado de ouvir seu amigo que trabalha com marketing falando: storytelling! Ao invés de usar pitches de vendas tradicionais no mercado tech – aqueles papos cheios de termos técnicos e números que, muitas vezes, não querem dizer nada porque dependem do contexto em que os equipamentos são usados – a NVIDIA tem tentando contar histórias para seus clientes, explicando para eles onde estão hoje, qual a visão que ela tem para o futuro e como ela irá ajudá-los a dar os passos necessários para chegar nesse futuro.

Um terceiro ponto considerado por Huang como um diferencial para o sucesso é a estrutura hierárquica horizontal da companhia. Ele afirma que, na atual época de muita informação e mudanças que acontecem em velocidade absurda, uma estrutura vertical padrão pode atrapalhar o crescimento de uma empresa, pois não permite que ela se modifique e adapte-se na velocidade necessária a cada mudança do mercado de tecnologia.

O futuro

Na entrevista, Huang também revela qual deverá ser o próximo passo da NVIDIA no setor: algo que ele chama de “Fábrica de IA”, um projeto que ainda está na fase de desenvolvimento mas que, ele acredita, irá mudar a forma como a informação é processada. Ele cita que, hoje, a forma como as coisas funcionam no setor, é que você tem um monte de pessoas utilizando um único cluster de computadores e guardando todos esses arquivos em um único data center. O que esta “Fábrica de IA” faria é funcionar menos como um data center tradicional e mais como um gerador de energia, fornecendo as ferramentas para que todos os computadores de um cluster possam estar interligados, mas sem a necessidade de ter uma peça única para comandar tudo. Este conceito parece estar bastante ligado à ideia das IAs soberanas que Huang já havia citado durante uma conferência em Dubai.

O CEO também aproveita para falar um pouco sobre o “Blackwell”, a nova GPU que a NVIDIA deve lançar no mercado nos próximos meses, desenvolvida especificamente para aumentar a eficiência do treinamento de IA generativas, e que permitirá fazer um treinamento de alta qualidade com um número menor de chips. Ele não entra em detalhes sobre esta nova GPU, mas garante que será lançada ainda este ano.

Mas fora do futuro da própria NVIDIA, Huang também fala um pouco de como ele acredita que será o futuro do mercado de IA. Ele acredita que os avanços na Ia generativa e robótica poderão criar máquinas que conseguirão ter longas conversas entre si, resolver problemas complexos e gerar resultados de alta qualidade, e acredita que esses avanços irão revolucionar setores como os de produção industrial, transportes e no descobrimentos de novos remédios.

Com informações da Wired