No mundo pós IA, o diferencial de mercado estará no ser humano

No mundo pós IA, o diferencial de mercado estará no ser humano

Se você perguntar para qualquer pessoa que faz parte do mercado de trabalho hoje, a IA é o “bicho papão” que impede muita gente de dormir. Mais de 75% dos brasileiros acreditam que a IA vai afetar diretamente os postos de trabalho da área em que atuam. E não falamos em afetar apenas da forma positiva (tornando o trabalho mais rápido e diminuindo a quantidade de tarefas repetitivas para os trabalhadores), mas substituindo profissionais e causando demissões em massa.

Mas isso não quer dizer que o mundo após a “revolução das IA” será totalmente dominado pelas máquinas: pelo contrário, muitos especialistas acreditam que os humanos serão mais necessários do que nunca. Só que as habilidades que exigiremos dos trabalhadores no futuro serão bem diferentes das que são exigidas hoje pelo mercado.

Novas necessidades

Essa mudança de exigências que veremos no mercado de trabalho nos próximos anos não é algo novo. Quem aponta isso é Jackie De Botton, cofundadora e diretora criativa da The School of Life Brasil. No episódio 8 do podcast Innovation Hub Show, ela lembra que se formos considerar o trabalho sob uma perspectiva histórica, tudo mudou radicalmente após a Revolução Industrial: “Antes não existiam escolhas: você era o filho do padeiro e você ia ser padeiro porque você nem tinha essa questão de propósito.” 

Foi o surgimento de uma nova tecnologia – o motor a vapor – que possibilitou o surgimento da indústria e “bagunçou” a estabilidade das engrenagens sociais. O resultado disso é que nenhum emprego ou setor da sociedade não foi afetado pelas mudanças econômicas que surgiram desta revolução – e o mesmo deverá acontecer quando pensamos em um mundo pós-IA.

Vitor Cavalcanti, sócio e head de estratégia da The School of Life Brazil e que também participou do episódio 8 do Innovation Hub Show, acredita que o advento das IA servirá apenas para que algumas habilidades intrinsecamente humanas ganhem cada vez mais destaque no mercado de trabalho: “”Se a gente olhar para o último ranking do Fórum Econômico Mundial sobre profissões do futuro, e as habilidades que eles entendem que são necessárias para essas profissões do futuro na era da inteligência artificial, 9 das 10 primeiras são habilidades humanas.” Mas, quais seriam então essas habilidades?

SPOILER: a única habilidade “técnica” que o Fórum Econômico Mundial considera como importante para os profissionais do futuro é o conhecimento básico em tecnologias como linguagens de programação, computação em nuvem, criptografia, big data e, claro, inteligência artificial.

Como se destacar no futuro

Precisamos lembrar que, num futuro próximo, muitas das tarefas mais técnicas poderão ser automatizadas pela IA – mas isso não quer dizer que elas conseguirão fazer tudo que um humano faz. Ian Beacraft, CEO da Signal and Cypher, foi um dos destaques da SXSW deste ano defendendo que o futuro estará nas mãos dos generalistas criativos – profissionais cuja especialidade é utilizar o poder das IA para aprender sozinhos e juntar informações de forma criativa.

Mas como os humanos vão se destacar nesse futuro? Esqueça coisas como “Excel avançado”, “inglês fluente” e “noções de Photoshop” no curriculum; segundo o Fórum Econômico Mundial, são essas as 9 habilidades humanas que irão te destacar para recrutadores no futuro:

  • Aprendizagem ativa: num futuro onde as IA generativas poderão acessar rapidamente qualquer base de conhecimentos, ser muito bom em aprender vai ser mais importante do que ter um conhecimento específico sobre algo;
  • Pensamento analítico: as IA conseguirão buscar rapidamente qualquer tipo de informação, mas ainda será necessário uma mente humana para analisá-las e identificar os padrões existentes;
  • Criatividade: os profissionais que conseguirem pensar “fora da caixa” e achar soluções criativas serão alguns dos mais procurados no mundo pós-IA;
  • Pensamento crítico: além de identificar padrões, será necessário que o profissional do futuro tenha um senso crítico muito apurado para decidir se as informações que a IA está oferecendo são úteis ou até mesmo reais, já que as fake news serão um problema que não deverá sumir tão cedo – e que também podem ser potencializadas pelo poder da IA;
  • Adaptabilidade: as mudanças do mercado continuarão acontecendo em velocidade acelerada. Por isso, profissionais que consigam navegar essas mudanças e se adaptar rapidamente a novas formas de pensar, produzir e executar suas funções serão muito procurados;
  • Inteligência emocional: com o aumento da automatização, as habilidades interpessoais se tornarão cada vez mais importantes. Por isso, o profissional do futuro deverá ter sua inteligência emocional bem desenvolvida;
  • Liderança: as habilidades que hoje são esperadas apenas dos líderes (como a capacidade de motivar equipes e tomar decisões estratégicas) serão necessárias para todos os profissionais do futuro. Como as equipes prometem ser mais enxutas e as maioria das tarefas mais “técnicas” serão feitas pela IA, tomar decisões será uma boa parte da função desses trabalhadores;
  • Resolução de problemas: conseguir achar soluções certeiras para problemas complexos que surgirão com as novas operações também será um diferencial muito procurado pelas empresas do futuro;
  • Comunicação: saber se comunicar de forma clara e eficaz, tanto verbalmente quanto por escrito, se tornará ainda mais necessário em um futuro onde times menores terão muito mais responsabilidades sobre as decisões que podem culminar no crescimento (ou no fracasso) de uma empresa.

Mudanças na educação – e na cultura corporativa

Como podemos ver, o futuro pós-IA exigirá que mudemos toda a nossa estrutura educacional, saindo de um modelo de escola voltado para ensinar conhecimentos técnicos sobre habilidades específicas, e indo para um onde o pensamento crítico, a inteligência emocional e a criatividade são deverão ser as principais habilidades exercitadas desde os primeiros passos da vida acadêmica.

Mas esta grande mudança estrutural não é algo exclusivo do sistema educacional – ela apenas será uma das muitas mudanças deste tipo que a IA irá causar. E esta nova revolução tecnológica causará mudanças até mesmo nos ambientes corporativos.

Para Vitor Cavalcanti, as empresas do futuro enfrentarão um dilema: de um lado, desenvolver as habilidades necessárias de seus funcionários para atingir os resultados desejados. E, do outro, essas pessoas que precisam ser desenvolvidas também estarão sofrendo com os diversos problemas que essa série de mudanças estruturais irá causar no mundo. E a forma como as empresas irão lidar com esse dilema irá impactar diretamente o futuro delas.

A realidade é que as IA, com todo o seu poder de acessar informações, não irão mudar a necessidade do lifelong learning da vida das pessoas. O acesso às informações vai se tornar muito mais fácil, mas isso só significará que a forma como continuaremos aprendendo ao longo da vida vai mudar. E saber como continuar sempre aprendendo vai ser uma das habilidades que irá garantir que você se torne um profissional indispensável no futuro – mesmo que um computador passe a fazer a mesma função que você tem hoje.

Compartilhe:

Não perca nenhum conteúdo!

Inscreva-se na newsletter do Innovation Hub Show

Não perca nenhum conteúdo!

Inscreva-se na newsletter do Innovation Hub Show

Faça parte da maior comunidade de tecnologia e inovação do país!

Siga o Innovation Hub Show nas redes sociais e onde você escuta seus podcasts.