Nesta semana de SXSW, estou em Austin de olho em tudo o que o evento traz de melhor este ano. Aqui no blog, vou resumir algumas das discussões mais interessantes que estão rolando!
Pelo segundo ano consecutivo, a OpenAI foi um dos destaques no palco principal do SXSW. E, desta vez, quem veio para falar ao público do evento foi Peter Deng, VP de consumo da empresa e head do ChatGPT. Em uma longa conversa com o investidor e jornalista Josh Constine, Deng explicou como é o futuro pós-IA que a OpenAI enxerga, tentando ser o tempo todo extremamente otimista – inclusive desconversando sobre qualquer tema que pudesse ser minimamente crítico à ideia de utopia tecnológica que ele estava tentando vender ao público.
Futuro da IA
Desde o começo da entrevista, Deng é enfático em afirmar que ele não vê a IA como algo que irá substituir os humanos, mas sim como uma ferramenta para nos ajudar a ser quem somos. Ele defende que, ao usarmos toda a capacidade da IA em nossas vidas, conseguiremos ter mais tempo em nossas vidas para fazermos aquilo que realmente nos agrada, e explica que é por isso que um dos principais objetivos da OpenAI é democratizar o uso de IA para todas as pessoas – inclusive afirmando que a empresa nunca deixará de disponibilizar uma versão gratuita do ChatGPT.
Deng também compartilha a sua ideia de futuro, onde a IA proporcionará que as empresas atuem com menos funcionários e maior eficiência. Ele ainda afirma que, por isso, ao invés de resistir ao avanço das IA, cada vez mais pessoas deveriam abraçar essa tecnologia e acelerar os avanços.
O head do ChatGPT ainda revela que a OpenAI tem trabalhado para garantir que o avanço dessa tecnologia esteja em sintonia com o que o público necessita. Por isso que, atualmente, a empresa tem focado em desenvolver novas soluções baseadas em código e texto, porque é isso o que seus usuários mais tem utilizado. O executivo também revela que a empresa tem se preocupado cada vez mais em não trazer vieses específicos nos treinamentos de suas IA, e por isso tem contratado pessoas de todo o mundo, melhorando assim a diversidade de visões de mundo usadas nesses treinamentos.
Desviando das polêmicas
Tanto quanto tentar vender um quadro bastante otimista sobre o futuro das IA, Deng também se esforçou em desviar de qualquer assunto minimamente polêmico ou que o faria ter que discutir princípios éticos.
Isso ficou bem claro quando ele foi perguntado sobre a questão das deepfakes. Apesar de confirmar que essa é uma preocupação atual da OpenAI – principalmente em períodos eleitorais – ele disse que, no futuro, não acredita que as pessoas irão se importar se algo foi ou não criado por uma IA. Para ele, assim como hoje as pessoas não ligam que um texto tenha sido revisado no Grammarly ou uma foto editada no Photoshop, as pessoas logo também não vão se importar se algo foi feito ou não por uma IA – e desconversou sobre os possíveis efeitos que isso poderá ter na sociedade, principalmente quando falamos de deepfakes e outras formas de criar conteúdos falsos usando o rosto e a voz de outra pessoa, encerrando o assunto dizendo apenas que, se as pessoas continuarem se importando sobre se algo é ou não criado por uma IA, o mercado irá solucionar esse problema.
Outro momento mais “esguio” de Deng foi quando Constine perguntou a opinião dele sobre se, ao utilizar a obra de alguém para treinar uma IA, o artista que criou aquela obra deveria receber algum tipo de compensação. Deng deixou a perguntar no ar enquanto chamava atenção para alguns grito de “SIM” na plateia, mas escapou de responder a pergunta seriamente, e respondeu apenas que os artistas deveriam fazer parte desse ecossistema de IA que estavam criando, e que a possibilidade de criar artes de forma mais rápida seria algo bom para todos.
