Nesta semana de SXSW, estou em Austin de olho em tudo o que o evento traz de melhor este ano. Aqui no blog, vou resumir algumas das discussões mais interessantes que estão rolando!

Como estamos cansados de ouvir falar a todo momento aqui na SXSW, a “revolução das IA” já está aqui e precisamos abraçá-la – mas nada disso aconteceria sem as empresas que fabricam os chips usados no hardware base e nos data centers que sustentam essa revolução. Por isso, não é uma grande surpresa que Lisa Su, CEO da AMD, tenha sido um dos destaques desta edição da SXSW. Ela sabe bem qual a importância da empresa na transformação digital que já está ocorrendo – e o papel dela para garantir que a AMD não seja deixada pra trás pela concorrência.

Crise dos semicondutores

A CEO da AMD aponta que são 3 os principais desafios que a empresa enfrenta no mercado: a demanda que não para de aumentar, o custo de fabricação dos produtos mais avançados, e como tornar o processo de fabricação desses produtos mais sustentável.

Em relação à demanda, Su afirma que a indústria está atingindo os limites da Lei de Moore (a cada 2 anos, a indústria conseguirá dobrar a capacidade de um processador aumentar os custos de produção), e por isso a AMD já está desenvolvendo formas de aumentar os estoques que possui, já que deverá haver uma desaceleração no nível de evolução dos processadores – o que significará uma demanda ainda maior para aqueles que já existem no mercado.

A empresa também está trabalhando para superar os outros dois desafios, mas esses devem ser mais complicados de solucionar do que o problema da demanda. A CEO confirma que a empresa tem trabalhado para fabricar seus processadores pelo menor preço possível, em sistemas com a máxima eficiência no uso de energia, mas não entra em maiores detalhes sobre o assunto.

AMD e o futuro da IA

Assim como outros palestrantes que passaram pelo palco da SXSW, Lisa Su também é bastante otimista sobre como será o nosso futuro pós-IA, afirmando que esta é a melhor tecnologia criada nos últimos 5 anos e que nos dará a possibilidade de tornar tudo muito mais simples.

Por isso, ela acredita que o próximo passo desta evolução é a popularização dos AIPC, ou computadores pessoais com inteligência artificial. Basicamente, são computadores comuns que possuem uma IA interna própria, e que permitiria não apenas uma interação com respostas mais rápidas, mas também dariam maior segurança aos dados do usuário – afinal, seria possível fazer tudo internamente, sem precisar conectar a um servidor externo.

Ela afirma que já existem alguns modelos do tipo no mercado, mas que é nos próximos anos que deveremos ver uma explosão desses computadores. E, para que essa tecnologia seja realmente democratizada, Su defende que haja uma união de vários player do mercado, defendendo que a adoção do modelo Open Source (de código aberto) para as IA é um dos passos que irá proporcionar esse avanço.

IA no entretenimento

Além de falar sobre a AMD, o mercado de chips e o futuro da empresa, Su também convidou para o palco David Conley, produtor de filmes que já tem uma parceria de 4 anos com a empresa e que no último fim de semana recebeu o Oscar de Melhor Curta-Metragem por War is Over!.

Conley mostrou diversos trechos de filmes e séries nos quais trabalhou onde utilizou ferramentas de IA para compor o produto final – inclusive no curta que ganhou o Oscar, que foi produzido utilizando soluções de IA que rodavam com os chips da AMD. O produtor afirma que, se não fossem os avanços tecnológicos, ainda estaríamos renderizando o primeiro filme de Avatar.

Ele enxerga o entretenimento do futuro seguindo dois caminhos: o passivo – que não é muito diferente dos filmes e séries que temos hoje – e o ativo – que irá aproximar os filmes de um videogame, exigindo renderizações e processamento de imagens em tempo real. E este segundo caminho no entretenimento seria simplesmente impossível sem o auxílio das IA.