O “Apocalipse das IAs” pode acontecer ainda nesta década? Tem quem acredite que sim

O “Apocalipse das IAs” pode acontecer ainda nesta década? Tem quem acredite que sim

Antes de mais nada, vamos deixar bem claro que nós aqui do Innovation Hub estamos mais próximos daquilo que é considerado como “tech otimistas”, no sentido de que achamos que a revolução das IAs tem o potencial de trazer muitas melhorias para a nossa vida. Mas também existem muitos “tech pessimistas” por aí, e é bom ouvir o que eles têm a dizer: mesmo as previsões negativas mais extremas costumam se basear em problemas reais que precisaremos resolver nos próximos anos.

Um dos pessimistas mais extremos é Eliezer Yudkowsky, pesquisador do Machine Intelligence Research Institute em Berkeley (EUA). Ele acredita que um apocalipse causado por uma revolta de máquinas comandadas por IA deverá acontecer nos próximos 2 ou 3 anos, e que para evitar isso deveríamos usar medidas extremas, como bombardear todos os prédios de data center que existem no mundo. Mesmo esse alerta vindo de um pesquisador renomado na área, ele parece um tanto absurdo para pessoas que lidam com as IAs disponíveis para o público geral.

Mas nem todos os pessimistas são tão extremos quanto Yudkowsky, e essas pessoas alertam para problemas que são muito mais tangíveis para quem lida com as IAs que encontramos soltas no mundo: conhecidas como os Neo-Luddistas, esse movimento está por trás de uma boa parte dos protestos contra IA que acontecem no mundo.

Quem são os Neo-Luddistas?

Os Neo-Luddistas se nomearam em homenagem a Ned Ludd, uma figura “histórica” (entre aspas porque não se sabe se ele foi mesmo uma figura real ou um símbolo criado para inflamar um movimento) da Inglaterra do século XVIII, e o nome dele era usado como pseudônimo pelos trabalhadores que lutavam contra as mudanças nas linhas de produção promovidas pela primeira Revolução Industrial.

Apesar do tipo de ação intensa pretendida por Yudkowsky seguir a linha de confronto dos Luddistas originais, os Neo-Luddistas defendem uma abordagem de resistência não-violenta contra os movimentos de mercado que tentam enfiar cada vez mais tecnologia (muitas vezes como forma de esconder mais coletas de dados pessoais e controles de vigilância) em cada momento de nossas vidas. Os membros do grupo defendem a atual forma de Luddismo como um movimento de examinação crítica da tecnologia, jogando um olhar cético nos tópicos de marketing que as empresas usam para nos convencer de que elas só nos trazem benefícios e questionar os possíveis problemas sociais e outros malefícios que elas podem trazer para a sociedade.

As preocupações dos Neo-Luddistas

Uma das maiores preocupações do movimento está nas questões trabalhistas. Não apenas na questão de empregos que serão substituídos – ou extintos! – por robôs e equipamentos controlados por IA, mas também em como essa tecnologia irá afetar todas as outras funções de modo direto ou indireto, principalmente com um aumento das ferramentas de monitoramento de cada trabalhador. E é nessa questão que eles apontam estar o maior paradoxo dessa revolução tecnológica: enquanto as IAs estão sendo vendidas como ferramentas que irão tornar a vida das pessoas mais confortável, elas também estão exercendo um papel importante na erosão da autonomia, da privacidade e na criação de ambientes necessários para que uma pessoa possa trabalhar (e viver) feliz e tranquila.

E este talvez seja algo que todos possamos adotar: um pouco mais de ceticismo antes de abraçar essas mudanças. E não tem como não concordar com uma das maiores preocupações do movimento Neo-Luddista: a falta de escolha individual que existe nessa revolução. Você pode falar pra mim “ah, mas você pode escolher não usar essas novas tecnologias”, mas ao escolher não participar dessa revolução você acaba se isolando do mercado de trabalho (onde todas as empresas estão se adaptando para usar cada vez mais IA em suas operações), de se comunicar com pessoas distantes e se atualizar de fatos do mundo (as redes sociais e apps de mensagem já são altamente vigiados pelos governos de todo o mundo) e até mesmo não ter acesso a alguns de seus direitos como cidadão (já que é necessário ter um cadastro completo em data centers governamentais para conseguir documentos necessários para conseguir crédito, abrir uma conta no banco ou mesmo alugar uma casa). Então, se a escolha é entre abraçar as novas tecnologias ou não conseguir ter uma vida minimamente digna, na verdade não há escolha. Tenho que concordar com os Neo-Luddistas nesta.

E mesmo este artigo é um pouco paradoxo. Afinal, antes de começar a escrevê-lo eu pedi para o Chat-GPT resumir a matéria original do The Guardian (SEM TEMPO IRMÃO!) para que eu conseguisse enxergar de forma mais fácil quais eram os pontos principais que iria usar para estruturar este texto. Ou seja, eu alimentei uma IA com uma extensa entrevista cheia de falas de especialistas explicando como as IAs podem causar danos irreversíveis na humanidade. E aí vim aqui escrever sobre como precisamos nos preocupar com isso. Será que fiz errado? rs

Com informações do The Guardian

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